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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A LENDA DO RATAMBUFE, O BOI DE CONCHAS

Esta lenda começou a der difundida pelo grupo folclórico de Ubatuba "O Guaruçá" : http://www.oguaruca.com/  .




Você pode adquirir na Fundart ou diretamente na página do grupo o encarte com o CD com músicas lindíssimas contando essa lenda.






Aqui está recontada por Gabriel Duarte, do blog :
http://textolivre.com.br/contos/8561-a-lenda-do-ratambufe-o-boi-de-conchas

Ilustração : acrílica sobre tela "Boi de Conchas sai do mar"de Jussara Cordeiro Guimarães .



A LENDA DO RATAMBUFE, O BOI DE CONCHAS




Era dia 29 de junho. Em Ubatuba comemoravam-se o dia de São Pedro Pescador. Enquanto isso, no Bairro Alto da pacata cidade de São Luiz do Paraitinga, senhor Cipriano ouvia um forte mugido que ecoava em sua fazenda. Era um pequeno bezerro que acabava de vir ao mundo. Filho da vaca Sereia e do boi Marujo, o tenro boizinho era todo branco, apenas seu rabo era preto e havia uma mancha na testa em formato de concha. Ao ouvir aquele mugido, seu dono logo disse: Ratambufe!!! – Assim ele viria a ser chamado, pois seu berro pareceu o som do instrumento de mesmo nome tocado em dia de carnaval aqui em Ubatuba.

Os dias passam morosos e Ratambufe cresce ouvindo as promessas de seu dono de que um dia ele veria o mar. Ah, o mar! Peixes, guaruçás, gaivotas, conchas e a imensidão! Um sonho tomou o coração do boizinho.

Aos dois anos, Ratambufe já era um boi forte, saudável e belo. Como bom comerciante que era Cipriano resolveu que venderia Ratambufe para o matadouro de Ubatuba em sua próxima viagem para cá.

A comitiva sai, carregando queijos, farinha, carnes, patos, porcos, gados e Ratambufe. Seu sonho seria realizado, mas havia um preço a se pagar. Ao chegarem ao descanso do Tuniquinho a imensidão azul tomou os olhos do boi! Seu coração estremeceu e seus olhos marejaram. Que beleza! Ratambufe acelera o passo descendo a serra ao som dos belos tangarás levando consigo toda a comitiva. Ao vislumbrar de perto as águas azuis da praia do centro o boi fica estático. Seus olhos fitam as ondas com encantamento e ele adentra o mar sem medo. Senhor Cipriano tenta detê-lo sem sucesso e Ratambufe some entre as águas sem nunca mais aparecer...

Dizem que foi um chamado de São Pedro. Outros acreditam que uma bela sereia tenha se apaixonado pelo boi e o tenha levado. Hoje em dia acredita-se que para ver o boizinho, basta cantar sua música à beira mar: “Sonho que boi sonhava era um dia ver o mar...” e ele aparecerá dançando com o corpo repleto de conchinhas somente para quem souber enxergar.







sábado, 30 de julho de 2011

POEMINHAS PINTADOS

Telas e versinhos de Jussara Cordeiro Guimarães


Flor da Bananeira


Banana menina
parece bailarina
de saia rodada
abrindo acanhada (ou assanhada?)
o seu coração.

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Vida Boa


Céu azul
brisa de sul
Vida boa
sol a pino ou garoa
O que não volta mais
vira lembrança
E o vento desfaz em saudade
o que foi felicidade

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Paisagem da janela


Cavalos, cavalos
escuros, claros
passeiam com graça
Esperta é a garça
curtindo o embalo
no lombo do cavalo




sexta-feira, 22 de julho de 2011

CANÇÃO DA MORADA




Minha casa tem janelas
onde canta o bem-te-vi
as aves que aqui passeiam
...são da mata logo ali.

Tem coruja no muro
e quero-quero no chão
tem saíra e corruíra
voa a garça e o gavião.

Vem sabiá laranjeira
vem rolinha, vem pardal
vem sanhaço e beija-flor
dentro do meu quintal.

Vejo um tiê-sangue
bem pertinho de mim
e ainda ouço distante
o canto triste do sem-fim.

sábado, 18 de junho de 2011

O MENINO PESCADOR

Autora : Jussara Cordeiro Guimarães
Ilustração: acrílica sobre tela de Jussara C. Guimarães





Vou com a minha canoinha
flutuando nas ondas do mar
vou pescar muita tainha
se São Pedro me ajudar

Sou caiçara, filho e neto de pescador
gente forte, valente e boa
e com o nome de "Meu Amor"
batizei minha canoa

Meu avô é mestre canoeiro
e pra fazer minha canoa
trabalhou um mês inteiro
debaixo de sol e de garoa

Ela é feita de um tronco só
achado no meio da mata
e com machado e enxó
aos poucos foi sendo moldada

Em dia de mar virado
é difícil a pescaria
mas há de se ter cuidado
também nos dias de calmaria

Quando vem lixo na rede
me dá é muita tristeza
tem gente que não aprende
a respeitar a natureza

Muitas aventuras vou viver
nesse mar que Deus criou
e também quero aprender
a fazer canoa como meu avô.

terça-feira, 31 de maio de 2011

A CIGARRA, AS FORMIGAS, E OUTROS INSETOS

Autora: Jussara Cordeiro Guimarães
Ilustrações: Desenhos de Jussara coloridos por Yasmin Félix Viana


     A Cigarra que era cantora resolveu virar micro-empresária, e abriu uma casa de shows num jardim, perto de um formigueiro, pensando que suas vizinhas formigas, por trabalharem muito, deveriam ter muito dinheiro para gastar em seu estabelecimento. Porém, os finais de semana chegavam e sua casa de shows ficava quase vazia, e a Cigarra já estava pensando em fechar o negócio, mas antes foi perguntar a uma das formigas porque elas não saíam de casa para se divertir, e a formiguinha respondeu:
- Poxa Dona Cigarra, tanto eu como minhas colegas temos muita vontade de ver a Sra cantar, mas é que durante a semana nós trabalhamos tanto, que quando chega o final de semana, só temos vontade descansar, e além disso nosso salário é tão pequenininho que não sobra nada para o lazer.

     A Cigarra ficou comovida com o problema das formigas e resolveu convocar uma reunião com os outros insetos micro-empresários, entre eles, a Borboleta dona da academia de ginástica, o Besouro que tinha um restaurante, o Grilo proprietário do parque de diversões, a Abelha dona da doceria, a Centopéia gerente da loja de calçados, a Joaninha que tinha um salão de beleza e a Aranha dona de um ateliê de costura.
     Todos estavam insatisfeitos com seus empreendimentos, porque além de faltarem clientes, seus estabelecimentos eram frequentemente invadidos por bandos de moscas pichadoras e baratas assaltantes, que por não conseguirem emprego viviam acampadas perto do cesto de lixo. Foram convidadas para a reunião, também a Formiga operária e a Formiga cabeçuda chefe. Conversaram muito, mas não chegaram a um entendimento, porque a Formiga chefe era muito cabeçuda e como tinha um salário bem melhor que as operárias, estava estressada e com doença funcional, preferiu se aposentar e sumir dali.

      As formigas operárias então tentaram conversar com a Formiga Rainha que era uma mega-empresária, mas esta não quis nem recebê-las. Não tendo outra alternativa, as formigas se reuniram numa assembléia onde ficou decidido que entrariam em greve até que fosse reduzida sua carga horária de trabalho e seus salários aumentados. A Formiga Rainha, não aceitou a proposta das formigas operárias, preferindo demiti-las e fechar o formigueiro, pois era muito rica e poderosa, dona de muitos outros negócios.


     Como as formigas eram muito inteligentes e espertas, formaram uma cooperativa, abriram uma empresa de reciclagem de lixo, onde nenhuma delas trabalhava em demasia, como também dividiam os lucros igualmente, oferecendo emprego até para as baratas e as moscas que optaram por mudar de vida.
     Assim, as formigas, as baratas e as moscas,  passaram a ter tempo e dinheiro para se divertir e cuidar da sua vida particular; podendo comprar doces na doceria da Abelha, sapatos na loja da Centopéia, roupa nova no ateliê da Aranha, freqüentar a academia da Borboleta, o restaurante do Besouro, o parque de diversões do Grilo, e a casa de shows da Cigarra. E a partir daí todos que viviam naquele jardim prosperaram e passaram a ter uma vida mais saudável e feliz.




Moral da história : Uma distribuição justa de renda e trabalho é a base mais sólida para uma sociedade próspera e feliz.




domingo, 15 de maio de 2011

LENDAS DE UBATUBA



Resumo de três lendas narradas por Washington de Oliveira no  livro “Ubatuba, lendas e outras histórias”e ilustradas por Jussara Cordeiro Guimarães com acrílica e mosaico sobre tela.




O Corpo Seco



    Dinico, como todos o conheciam, era um rapaz de costumes e vícios abomináveis, causava ao mesmo tempo compaixão e repulsa
    Seus pais viviam na mais profunda miséria, e ele , último filho, depois que os irmãos tomaram rumo na vida, ficou para martirizar impiedosamente aquele casal de velhinhos.
    Dinico vivia na farra e na jogatina, trazendo muito desgosto à família, até que o pai acabou morrendo de desgosto. A mãe continuou sofrendo com as maldades do filho, que até batia nela.
    Um dia, ao chegar à casa, ébrio, depois de uma noitada, encontrou a mãe muito doente no leito de morte a lhe pedir um pouco de água, e ele lhe respondeu:
_ Tens sede? Por que não morres? Toma, mata tua sede.
E assim dizendo passou rapidamente o pé, no braseiro que crepitava a um canto, lançando brasas sobre a velha moribunda. Depois, caminhou apressadamente para a porta, mas uma força estranha tolheu-lhe os passos, parece que para fazê-lo ouvir sua mãe dizer:
- Miserável! Vai! A minha maldição te perseguirá sempre! Não terás sossego em tua vida nem paz depois de morto! Bandido! A própria terra te rejeitará...
    Morrendo-lhe a mãe, a maldição desta não se fez esperar.
    O rapaz viu-se na miséria, abandonado, sem amigos, sem uma palavra de consolação. Tudo o rejeitava. Dizem que as árvores negavam-lhe sombra, deixando atravessar entre as ramagens os raios escaldantes do sol. As fontes ferviam se o desgraçado ia beber.
Suicidou-se. Encontraram-no enforcado no ramo de uma árvore, pendente sobre o Rio Lagoa, conhecido por Barra da Lagoa. Tratou-se do seu enterro, quando, no dia seguinte ao do sepultamento, o coveiro deparou com o cadáver de Dinico sobre a sepultura.     Assombrado com esse fato inédito, tratou de enterrá-lo novamente, mas de novo o cadáver emergiu à flor da terra.  Contaram, depois, que certa noite espectros macabros foram vistos transportando aquele corpo mumificado para a Barra da Lagoa, talvez porque tivesse morrido lá. 
    Véspera de Natal. Dezenas de presépios estavam sendo armados por toda a vila. E duas moças, Chiquinha e Clarita, foram explorar as margens do Rio Lagoa à procura de liquens e conchas para para o adorno natural da cena de Belém, quando Chiquinha encontrou um cepo disforme, coberto de belíssimas parasitas.
        Sofregamente pôs-se a catar aquelas preciosidades, e depois de limpá-lo todo, já se retirava, quando ouviu uma voz dizer:
- Moça, aqui tem mais.
Voltou-se. Soltou um grito agudo e caiu sem sentidos. O cepo que há pouco lhe fornecera delicadas plantas, mudava de posição, deixando transparecer perfeitamente as formas de um corpo humano, ressequido e corroído pela ação do tempo.
    Dizem que até hoje ali está o corpo do degenerado que a terra não quis receber, atendendo aos rogos da velha Maria Rosa.






Os Marinhos





    Toda a região sofria por igual os efeitos daninhos da seca. Seca tirana aquela!
E a pesca? Também falhara. Se todo santo dia, logo cedo, os pescadores saiam mar afora em busca do básico alimento para o seu sustento, retomavam alto dia, desanimados, com rebotalhos, trazendo aquilo que até há pouco desprezavam na praia à acirrada disputa dos famintos urubus.
    Enquanto os crédulos rezavam, aguardando o milagre da chuva redentora, Júlio e Camilo, dois inseparáveis rapazes do bairro passaram a observar o procedimento estranho de Marino, também amigo e companheiro, mas agora arredio, evitando-os com desculpas descabidas e alegações inconcebíveis. 
    À tarde, porém, viam-no caminhar pela costeira com petrechos de pesca, saltando de pedra em pedra, indo ponta afora, para o costão do Itapecericuçu, onde se demorava até o fim do dia, quando regressava com o balaio transbordando de peixes, bastante para o consumo da família e com sobras até para mimosear generosamente a vizinhança carente. 
    Convencidos de que um segredo maior havia e que era preciso desvendar, certa noite foram mais cedo e ocultaram-se entre moitas de samambaias, aguardando a chegada de Marino.
    Após longa espera, viram-no chegar e encaminhar-se ao declive de extensa laje, quase plana, que descia em rampa suave aprofundando-se no mar. Num dado momento um farfalhar mais forte agitou as águas próximas e dali emergiu uma encantadora mulher, inteiramente nua, que, com desembaraço galgou a penedia, mal disfarçando a total nudez com basta cabeleira entremeada de algas e de espumas!
    Surpresos, viram Marino correr ao seu encontro, enlaçando-a nos braços, e ali permanecerem em doce e prolongado idílio!
    Aquela era mulher perfeita, de corpo escultural e beleza fascinante que ali permaneceu por longo tempo em arroubos de amor até que, atirou-se ao mar, desaparecendo nas águas. Marino, então, pôs-se a pescar e em poucos momentos, como fazia todos os dias, regressou com farta provisão de peixes de grande porte - garoupas, sargos e badejos.
   Júlio e Camilo, atônitos com o que viram, voltaram outras vezes aquele pesqueiro, na esperança de desvendar o mistério de que eram testemunhas. 
   Um dia a enamorada ao contrário das outras vezes, demonstrava ansiedade em voltar ao mar e fazendo entender o seu intento, encontrava oposição de seu amante, que a prendia nos braços sem querer desgarrar-se dela. A jovem passou a debater-se desesperadamente, querendo gritar mas sem conseguir desprender a voz, e Marino percebeu-lhe, na boca exageradamente aberta, a garganta obstruída por enorme guelra vermelha, sem vacilar, num gesto rápido, estirpou a guelra que a impedia de falar, mas que lhe dava condições de viver nas águas do oceano.
   Foi então que de seu esconderijo os dois rapazes ouviram a jovem falar e perceberam que, trocando juras de amor, perfeito entendimento se estabeleceu entre eles: ela seria Ondina, filha das ondas e, casada com Marino, formariam, os dois, o venturoso lar dos Marinhos.  
   A família Marinho cresceu, multiplicou-se e viveu muitos e muitos anos, alegre e feliz.



A Gruta que chora

   Marcelina, jovem graciosa e alegre, de repente pareceu aniquilar-se, alimentando-se mal, perdendo as cores sem ânimo até para as tarefas costumeiras. Remédios já os havia tomado em grande quantidade, mas nada resolvia. Dias se passaram, até que certa madrugada, ao raiar do dia, Sinhá Anália,mãe da moça, ouvindo soluços provindos do quarto da filha para lá se dirigiu, encontrando-a murmurando palavras desconexas que pareciam ser:
    - Não! Não vá... não quero... espere...
   Então Marcelina, vendo a mãe ali postada, com voz entrecortada começou a falar:
    _A senhora sabe a estória daquele bicho, daquele dragão que mora na Toca da Sununga, não é? Sabe que eu até tinha vontade de ver o tal dragão? Pois uma noite - não foi sonho - eu tava acordada, tava acordada e vi quando ele veio sem fazer barulho, sem abrir a porta e entrou devagarinho aqui no meu quarto. Não demorou ele foi virando gente e ficou do jeito de um moço, mas um moço bonito que Deus me perdoe - perdi o medo. Ele se riu pra mim... Aí eu me ri pra ele e ele veio vindo, veio vindo, chegou perto de mim, passou a mão nos meus cabelos... Depois sentou-se aqui na cama... Depois... Depois ficou comigo! Oi, mãe, ele foi embora só de manhãzinha. E eu fiquei com tanta pena... Tive até vontade de chorar... E chorei, não tenho vergonha de contar, chorei mesmo! Agora, mãe, não tenho vontade de trabalhar, nem de comer, nem de conversar, nem de nada. Minha vontade é de ficar aqui no quarto, de porta fechada esperando que a noite chegue e que o bicho venha e se vire no moço bonito, pra ficar comigo até de manhãzinha
   Passava o tempo, quando certo dia bateu a porta de D. Anália, um monge, pedindo alguma coisa para comer, e esta fazendo-o entrar, agasalhou-o, deu-lhe de comer e atendendo às suas indagações, relatou-lhe toda a razão da tristeza que consternava aquela casa. 
   O velhinho, já ouvira falar do monstro satânico que atormentava a população daquele bairro, e justamente por isso é que ali viera, por inspiração divina, a fim de libertá-la da opressão que lhe infringia o Espírito do Mal.  O venerável ancião caminhou em direção á toca que abrigava o dragão da Sununga. Ali chegando, o monge ergueu os braços num largo e lento gesto do sinal da cruz, e ao murmúrio de piedosa prece, espargiu por sobre a pedra a água que levara num pequenino púcaro. 
   Naquele instante um trovão violento fez estremecer a terra,e o mar, rugindo em doidas convulsões, projetou-se violento contra a impassibilidade das rochas, para retroceder, abrindo-se ao meio, bem em frente à toca, dando passagem ao monstro que por ali avançou rugindo, sumindo ao longe, na profundeza das águas
   Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão.
   Dizem, alguns, que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem, a fim de que o dragão jamais possa voltar.
Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes, na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse, para ficar com ela .





quarta-feira, 11 de maio de 2011

TETÉ, O MACACO CAFUNÉ





Autora: Mariana Gikas
Ilustrações: Jussara Cordeiro Guimarães



Teté é meu irmão camarada
Meu amigo de fé.
Cabeça de macaco
E o coração de menino.
Mas tenho sempre que dizer:
-Qual é, Teté?
Sai do meu pé!
Vai pentear macaco!

Não é por ser tigresa,

a minha braveza.
É que em todo mundo,
nem por um segundo,
ele não pára de fazer cafuné!
Já mobiliou sua casinha da árvore,
com tudo que encontrou
na juba do leão.


Na minha cabeça
vejam só:
ele encontrou um anão!
Credo, me deu até um comichão!
Na cabeça do lêmure
ele encontrou um leque!
Na do sapo, um nabo!
Na do jacaré, um picolé!



Na onça, uma trança.
Vai saber de quem é!
Pode ser da Rapunzel,
ela só não morreu ainda
porque foi ser feliz pra sempre.
Na do urso acharam um relógio de pulso!
Na do besouro ouro
!


Eu disse:
- Teté, dá pra abrir um mercado
de pulgas!
Vamos capitalizar a floresta!
- Que nada, vamos deixar tudo pra macacada!
E dê-me cá suas pulgas.
E enfiou os dedos na minha orelha.
Ele não pára com as mãos,
tanto que mandei ele fazer o meu bordado.




_Teté, vai pra cidade virar massagista,
lavar cabelo de gente estressada!
-Que nada, meu lugar é com a macacada!
E continua todos os dias fazendo cafuné.
E encontrando velharias...
Confesso que eu mesma adoro receber
um cafuné até adormecer.