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quarta-feira, 24 de julho de 2013

O BOI DE CONCHAS


Adaptação de Jorge Ivan Ferreira
sobre texto de Julio César Mendes

Gravuras realizadas pelos alunos da Oficina de
Xilogravura da Fundart - 2013

Antônio Xisto Vilela Neto
Felipe Di Nardo Stella
Heidi Marie Mechel
Jorge Ivan Ferreira
José Ronaldo dos Santos
Jussara Cordeiro Guimarães
Mônica Brasil M. Muths
Palmira da Conceição João
Wagner Fonseca Castro

Prof. Alejandra Carolina Labarca



                               Carolina

Ratambufe, bezerrinho,
Era branco sem jaça
Como vestido de noiva
Ou pena de garça

Ao nascer com o destino
Assinado na testa,
Ouviu de Seu Cipriano
A promessa desonesta

                                Palmira

De ser levado até o mar.
Era treita do traidor.
Que só, somente, dinheiro
Para ele tinha valor

Ratambufe embevia-se
Ao Cipriano citar
Um sem número de coisas
Que só existem no mar.

                                Wagner

Cresceu, tornou-se robusto
Sonhando com o oceano,
Sem atinar que era mau
O intento de Cipriano.

Comerciante sagaz,
Pra vender no litoral,
Ele trazia de tudo,
Fosse planta ou animal.




Da sanha do mercador
Que bichinho escaparia?
Mesmo sendo diferente,
Virava mercadoria.

Ratambufe não seguiu,
Porém semelhante destino,
Pois quando descia a serra,
Para o mar, foi em desatino.




Se ouvira a voz de sereia,
Não posso te responder.
O que Julinho me disse
Foi que o boi correu a valer.

E sob as ondas do mar
E a bênção de Anchieta,
Ocultou-se triunfante
Por ter tido tal veneta.




Cipriano emitiu gritos
Que fizeram ecos no ar,
mas o boi, se os escutou,
Afundou-se mais no mar.

Ainda bem, porque seu dono
Não tinha intenções nobres.
O que queria fazer
Era passá-lo nos cobres.


                 Felipe Di Nardo

Fingindo levá-lo à praia,
levou o boi ao matadouro,
Mas Ratambufe fugiu,
Salvou sua pele, seu couro.

Ficou sumido por anos,
Só fascinando as sereias
Com a concha que tem na testa,
E com aquelas das areias.


                                Jorge Ivan


Certo dia, Ratambufe,
Ouvindo um som dedilhado
Lá na praia do Cruzeiro,
Surgiu todo ornamentado.

Quem o viu não acreditou
Em sua própria sanidade
E duvidando, não quis
Relatar a novidade.




Mas desse dia em diante,
Para tantos pescadores,
Ratambufe apareceu
Que se criaram rumores.

Majestoso, o Boi de Conchas,
Como passou a ser chamado,
Fascinava, e quem o via
Não ia ficar calado.


                                Jussara

Lindolfo contou à Malvina.
Ela, achando que era peta,
Não deu crédito ao marido
E mandou-lhe uma careta.

Mas com o correr do tempo,
Tudo era pretexto, azo,
Para um morador dizer:
"Eu vou te contar um caso".

Do nosso boi Ratambufe,
Narrava outra aparição.
Desse modo, foi sua história
Ouvida até o sertão.

                 Antônio Xisto